sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nossa auto avaliação

Foi excelente, pois podemos interagir como pai e filho um ajudando o outro, a nossa alegria é tão grande porque poderemos dar continuidade ao processo educativo sob enfoque de visão de tempos diferentes de como as universidades preparam os alunos na forma de ensinar na atualidade comparando-se com a mesma há trinta anos.

Eu, Sadi professor vi neste curso de forma muito positiva, lúdica e diferente para se trabalhar com os alunos e tornar as aluas mais alegres e atraentes. No inicio encontrei dificuldades, quase pânico. Mas ao mesmo tempo entendi que a informática precisa estar presente nas escolas de forma muito mais abrangente e que nós professores mais antigos, não temos que reclamar e sim nos engajar nessa luta para acompanharmos a evolução tecnológica.

Não entendo o porquê a alta tecnologia foi utilizada em vários setores como a medicina exemplo: Ressonância Magnética (excelente), e nos automóveis, demorando tanto tempo para ser inserida nas escolas, mas sempre há tempo, continuo esperançoso e ainda acho que haveremos de vencer através da educação. Com a ajuda do meu filho Acadêmico de Letras Sadi Júnior o computador tornou-se mais amigo para mim. Considero o curso oferecido pelo NTE ministrado pela Professora Sônia interessantíssimo .

Um abraço!

Eu Sadi Júnior adorei participar deste momento interessante junto com meu pai, pois além de ajudá-lo, também aprendi e hoje já estou usando os conhecimentos na apresentação dos meus trabalhos na universidade.

Valeu um abraço professora Sônia.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Texto para o Blog da Turma de Letras Nível II. O Conhecimento Prévio e a Interação por Sadi Zaffonato Júnior


Quando um aluno entra no meio escolar possui somente o conhecimento de mundo, oportunizado e influenciado pelo meio em que vive, ainda muito limitado, porém com prontidão à aprendizagem. É o conhecimento prévio, formado pelo conhecimento linguístico e textual. Apesar deste conhecimento não ser muito adequado aos padrões da escola tradicional, ele é muito importante para a comunicação do ser humano com a fase escolar.

O conhecimento linguístico já se encontra internalizado na mente do leitor, pela convivência nativa que teve enquanto criança com seus familiares, sua comunidade e o mundo que o cerca. Este tipo de conhecimento lhe ajuda a falar a língua da região onde nasceu, com sotaque, gírias, dizeres, entendimento dos costumes e cultura populares.

O aluno, ao chegar à escola, munido com o conhecimento de mundo e lingüístico, adquirido junto ao seu meio familiar, social e cultual, depara-se com o conhecimento textual, quando passa a ler, falar, compreender, produzir conforme a orientação da escola, utilizando linguagem culta (formal). Podem ocorrer, em certos momentos, desencontros na comunicação devido às diferenças de significados existentes entre estas duas fases. Com o passar do tempo o aluno vai se familiarizando e adequando o seu vocabulário, ao utilizado nas entidades educacionais formadoras de opinião. Desta forma, vai crescendo, ampliando sua visão, compreensão e interpretação de textos com linguagem formal e também com o meio e o mundo em que vive, ampliando a aprendizagem ou conhecimento textual propriamente dito.

Hoje essas noções, contudo, tornam-se mais complexas com o surgimento da tecnologia. O jovem antes da fase escolar faz uso de aparelhos na área da informática tornando o seu conhecimento de mundo e linguístico mais avançado. Fato que obriga o professor a se atualizar, uma vez que, o aluno traz consigo bons conhecimentos nesta área.

Portanto, é urgente que professores em atividade e os acadêmicos de cursos de licenciaturas, se envolvam, conheçam e utilizem estes recursos para melhorar e tornar as aulas mais rentáveis, interessantes e agradáveis buscando a evolução educacional.


Disciplina: Ensino II

Professor Doutor Miguel Rettenmaier

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Trabalhando e Recriando Fábulas

Após a leitura e a dramatização de várias fábulas, os alunos recriaram e apresentaram em sala de aula. Foi um trabalho divertido, produtivo e muito interessante.
Abaixo um exemplo de uma fábula lida: O gato e a barata extraída do livro da 5ª série Português Ideias e Linguagens de Dileta Delmanto & Maria da Conceição Castro; em seguida um fábula recriada através de slide pelo aluno Filipe Serro Algeri da 5ª série turma: 52: A Águia e o Escaravelho.

Fábula - O gato e a barata

Slide de Filipe Serro Algeri T: 52 Recriando fábulas - A Águia e o Escaravelho.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Texto coletivo através do Google Docs

Os professores da escola Bandeirantes construíram um texto de forma coletiva para exercitar a ferramenta Google Docs.
Leia nosso texto.

Vamos construir uma proposta de traba...



Como iremos a Sala de Aula Digital?


    Penso que poderemos trazer as crianças para a sala digital e ensiná-las, inicialmente, a trabalhar com o editor de imagens explorando as diversas ferramentas que o aplicativo apresenta: desde desenhos, pinturas, recórteres de figuras, colagens, tipos de letras e cores bem como fazer a produção e apreciação das atividades realizadas.
    O aplicativo apresenta desenhos, pinturas, escrita de várias formas com diferentes tipos de letras, cores, tamanhos... Recortar imagens e pôsteres será uma maneira muito agradável para ensinar e poderemos desenvolver uma aula interdisciplinar com temas relevantes...
    É importante que todos tenham conhecimento e segurança na utilização desta ferramenta possibilitando, assim, despertar no aluno, interesse  no aprendizado. Dificuldades são encontradas no desafio do ensinar,  resistências no adaptar-se ao desconhecido, mas tal necessidade, é importante e está em nosso meio aguardando para ser explorada e bem utilizada.
    Também é importante que haja interatividade entre professor X aluno X sala de aula X e o conteúdo trabalhado, para que o aluno se sinta motivado a querer pesquisar mais sobre o conteúdo dado.
    É importante também que os alunos desenvolvam o gosto pela leitura e se interessem mais pelos autores gaúchos e brasileiros, do que os do exterior. É claro não podemos deixar de lado a leituras dessas obras mas também também não devemos deixar completamente isolados os nossos autores. Cada tema importante trabalhado em sala de aula pode ser reproduzido em slides, vídeos, e assim tornar o conhecimento mais claro para o aluno, pois ele vai poder visualizar de uma forma agradável o que ele aprendeu.

    Concordo em realizar um trabalho multidisciplinar, verifiquei que o prof. Sadi acrescentou o filme o "Caçador de Pipas", é um ótimo filme para iniciarmos o trabalho com os alunos na sala digital, pois podemos unir as várias disciplinas da Escola, Português, Matemática, Ciências, Geografia, História, Educação Artística, Ed. Física e Línguas Estrangeiras. É só usarmos nossa criatividade! Podemos até construir as pipas com os alunos e soltá-las, o que acham?

    Poderemos sim, construir as pipas após ter assistido ao filme para poder contextualizar com a vida real. Este filme, inicialmente apresenta algumas cenas aparentemente tranquilas e normais onde as crianças aparecem brincando, dois amigos, sob o olhar de seus pais, sendo que os mesmos vencem uma disputa entre as outras crianças da mesma cidade... bem o que ocorre depois.... não iremos contar... que tal assistir ao filme??? É emocionante!
     O importante é despertar no aluno o interesse pelas atividades escolares, de maneira que ela veja a Internet como aprendizado, não somente Orkut, MSN e jogos. A cultura e o conhecimento disponíveis devem ser bem aproveitados, e bem direcionados pelo professor.
      Acredito e espero que juntos possamos descobrir a melhor maneira de utilizar a sala de aula digital, que  esta, realmente se torne uma ferramenta útil no processo ensino-aprendizagem, podendo assim diminuir esta angústia, incerteza e insatisfação presentes, muitas vezes, no desenvolvimento do processo de "ensinar". Gostei das ideias expostas.

    A escola espelha a realidade familiar, acrescida do conhecimento profissional, transparência, responsabilidade e competência para interagir neste todo e abrir-se para as mudanças necessárias a cada momento definindo, após estudar, analisar e avaliar suas prioridades e determinar o que fazer.

    O acesso às Tecnologias de Informação e da Comunicação (TIC) ou a "alfabetização digital" é considerada fundamental para uma vida cidadã.

    Nessa perspectiva a escola, local onde desenvolvem-se capacidades cognitivas, sensitivas, afetivas e de especialidade das crianças e adolescentes associada a utilização das TIC, potencializa o processo de construção de conhecimento e de cidadania oportunizando aos estudantes a produção e difusão de suas criações.

    Penso que a Sala Digital também pode ser uma importante ferramenta no trabalho de ensinar a ler e escrever, bem como calcular de forma prazerosa. Muitas vezes, encontramos muitas dificuldades nesta área, fica faltando algo mais para que a criança domine o mundo da escrita, e, a informática pode se tornar um assessório atrativo e proveitoso. Nela encontramos várias atividades e jogos disponíveis onde, através da brincadeira, é possível decodificar a escrita brincando.É importante também que o professor tenha um bom conhecimento sobre como trabalhar determinado assunto e domine a parte proposta passando assim confiança ao aluno, tornando a atividade prazerosa, despertando nele o gosto pelo trabalho no computador.

    Excelente ideia. Acredito que este é o caminho para que possamos despertar e ou reativar no aluno a vontade de aprender, de ampliar horizontes.

Silde sobre a classificação das orações subrdinadas substantiivas


Uma forma mais atraente de se trabalhar a classificação das orações

PESSOAL ESTE SLIDE FOI USADO NA APRESENTAÇÃO DO TRABALHO SOBRE OS ESCRITORES GAÚCHOS.
A APRESENTAÇÃO OCORREU NA AULA DE INICIAÇÃO AO CONHECIMENTO ACADÊMICO DO PROFESSOR LEANDRO CARLOS ODY, SEMSTRE PASSADO.
O TRABALHO QUE ESTÁ PUBLICADO NESTE BLOG É O QUE FOI ENTREGUE.
ESPERO QUE GOSTEM DO SLIDE E DO TRABALHO.
P.S.: ESPERO QUE POSSUAM PACIÊNCIA PARA LER O TRABALHO TODO!
AFINA SÃO 37 PÁGINAS.
HE
MAS VALE APENA ASSIM PODERÃO FICAR SABENDO MAIS SOBRE ALGUNS DOS NOSSOS ESCRITORES.
ATEH!
SADI ZAFFONATO JÚNIOR.
ACADÊMICO DE LETRAS DA UPF

domingo, 30 de agosto de 2009

A FORÇA DA LEITURA

Ler, para alguns é um prazer enquanto que, para outros é trabalho, sacrifício e sofrimento. É comum ouvir das pessoas em geral: “eu leio, eu gosto e leio muito e eu não leio naaada.”
Como interpretá-las? Simples; se estas pessoas foram introduzidas no mundo das letras com alegria e prazer, quer pelo exemplo, quer pelo estímulo dos pais, escola e comunidade, serão leitoras por prazer; caso contrário farão a contra gosto, apenas a leitura obrigatória.
Foi pensando na primeira alternativa acima citada, que há alguns anos criamos na Escola Estadual Bandeirantes, conforme foto, a Sala de Leitura Lúdica, que felizmente foi mantida pelas direções que nos sucederam. Esta sala com carpete, tapetes, almofadas e pinturas nas paredes visa tornar o ambiente atraente e agradável para despertar nos alunos o gosto pela leitura e que passem a ler por prazer. Para que possamos atingir este objetivo, nada é cobrado(nota) do aluno a respeito do que leu, nesta sala.
Em sala de aula a leitura também é estimulada, tratada com carinho e seriedade, porém desta vez com cobrança, pois sabemos que se não for assim muitos alunos não lerão uma vez que o mundo eletrônico do som e da imagem é mais atraente, no entanto não desenvolve a criatividade e a imaginação do ouvinte e telespectador como a do leitor.
O mundo moderno se modifica, e nós como professores precisamos nos adaptar, criar e inovar.
Foi pensando assim que há alguns anos realizamos um trabalho de leitura e oratória com os alunos. Estimulamos a leitura de no mínimo três livros por trimestre, que são catalogados, registrados para que possamos saber com certeza os livros que cada aluno leu.
Destes três livros é sorteado um e o aluno apresenta para os colegas da turma em uma espécie de tribuna, mediante o uso do microfone e de um aparelho de som.
“Microfone” eis o problema, apesar de micro significar pequeno, passa a ser uma grande dificuldade para quem é tímido ou não foi treinado para usá-lo em público.
O ser humano, enquanto criança, se quer imagina onde vai morar, trabalhar e se terá que falar em público. É comum encontrar pessoas inseguras ou tímidas na hora de expor as suas ideias em público.
Assim desenvolvemos este trabalho de leitura e oratória, com o objetivo de eliminar ou diminuir a inibição; expressar o pensamento com desenvoltura; apresentar postura corporal adequada, eliminar cacoetes e repetições para evitar que estes se tornem mais atraentes que a própria mensagem; melhorar a construção frasal, textual e vocabular.
Boas novas: já alcançamos ótimos resultados com este trabalho, uma vez que no início tínhamos que pressionar os alunos para que se apresentassem, hoje a maioria deles querem iniciar a apresentação.
Caro leitor: experimente ler um livro antes de uma fala em público, ou argumentar teu assunto com uma obra lida e .... veja o que acontece.
Quem lê: PENSA, ESCREVE E FALA MELHOR!
Boa Leitura.
Sadi Zaffonato
Professor da E. E. Bandeirantes de Sertão – RS

Veja o pensamento de alguns alunos sobre ler e apresentar livros:
Ler:
• É entrar no mundo da imaginação, pois quando lemos imaginamos a história que o livro conta, vivemos a situação.
• É muito importante para todos, você aprende muitas palavras novas, significados e falar de forma mais correta.
• É tentar entender o mundo com as palavras que vem de dentro do livro.
• É viajar o mundo inteiro de uma forma divertida, aprendendo as coisas novas que podemos levar para toda a vida.

Apresentação dos Livros:
• É muito bom, porque nós aprendemos a nos soltar no mundo da apresentação, no mundo do microfone, no mundo de falar em público, além disso outras pessoas conhecem as histórias dos livros.
• Dá muita vergonha e nervosismo.
• É legal, a gente vai perdendo a vergonha e conhece outras histórias apresentadas pelos nossos colegas.

Fotos nas apresentações








Trabalho sobre Escritores Gaúchos

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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

HABILITAÇÃO EM LÍNGUA PORTUGUESA E LÍNGUA INGLESA E RESPECTIVAS LITERATURAS

CURSO LETRAS

ESCRITORES GAÚCHOS

Disciplina: Iniciação ao Conhecimento Acadêmico

Professor: Leandro Carlos Ody

Acadêmico: Celeste Ronaldo Lima dos Santos, Daiane Sagiorato, Lucas Werschedet Rodrigues, Sadi Zaffonato Júnior.

Passo Fundo, junho de 2009.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................. 3

A LITERATURA GAÚCHA NO CENÁRIO NACIONAL... 4

ÉRICO VERÍSSIMO.......................................... 5

CYRO MARTINS.............................................. 16

LYA LUFT......................................................... 19

MÁRIO QUINTANA.......................................... 21

JOSUÉ GUIMARÃES........................................ 25

LUIS FERNANDO VERÍSSIMO....................... 30

CHARLES KIEFER............................................ 34

LUIZ ANTONIO ASSIS BRASIL...................... 35


3

INTRODUÇÃO

A literatura gaúcha é reconhecida por conter princípios onde se expressa à cultura de um povo enriquecida com detalhes referentes à região. Os diversos processos na história foram acompanhados pela literatura onde se registrou os fatos através da vivência e da interpretação de autores gaúchos que procuraram através de sua obra literária traduzir a essência de cada período vivido.

Conhecer estes autores é muito importante porque traz não só a história, mas a identidade de um povo com seus princípios, costumes e culturas.

Cada capítulo será reservado para um autor onde se encontrará um breve resumo de sua biografia e bibliografia, bem como comentários sobre cada autor por pessoas conhecedoras de suas obras.


4

A LITERATURA GAÚCHA NO SENÁRIO NACIONAL

A literatura brasileira é rica por conter uma diversidade de característica que são próprias de cada região. Há muitos que dizem que a literatura brasileira se sobressai na Região Sudeste, mas especificamente, no eixo Rio-São Paulo, por conter autores renomados.

Mas o que chama a atenção é quando se obtêm a declaração de um autor sobre a literatura gaúcha.

Vejamos:

De todas as literaturas regionais do Brasil, tenho a impressão que a gaúcha é a que mais apresenta uma identidade de princípios, uma normalidade geral dentro do bom, uma consciência de cultura, uma igualdade intelectual e psicológica, que a tornam fortemente unida e louvável. (CESAR apud ANDRADE, 1971, p. 7).

Essa singularidade é bastante notória em relação a outras regiões.

Segundo a autora “a província sulina cultivou a familiaridade como cancioneiro folclórico, que se propagou enquanto se mantinham vivos a cultura rural de onde proveio os laços com a produção trovadoresca da Prata” (ZILBERMAN, 1982, p.11)


4

ERICO VERÍSSIMO

Erico Lopes Veríssimo nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 17 de dezembro de 1905, filho de Sebastião Veríssimo da Fonseca e Abegahy Lopes Veríssimo.
Em 1909, com menos de quatro anos, vítima de meningite, agravada por uma broncopneumonia, quase vem a falecer. Salva-se graças à interferência do Dr. Olinto de Oliveira, renomado pediatra, que veio de Porto Alegre especialmente para cuidar de seu problema.
Inicia seus estudos em 1912, freqüentando, simultaneamente, o Colégio Elementar Venâncio Aires, daquela cidade, e a Aula Mista Particular, da professora Margarida Pardelhas. Nas horas vagas vai o cinema Biógrafo Ideal ou vê passar o tempo na Farmácia Brasileira, de seu pai.
Aos 13 anos, lê autores nacionais — Coelho Neto, Aluísio Azevedo, Joaquim Manoel de Macedo, Afrânio Peixoto e Afonso Arinos. Com tempo livre, tendo em vista o recesso escolar devido à gripe espanhola, dedica-se, também, aos autores estrangeiros, lendo Walter Scott, Tolstoi, Eça de Queirós, Émile Zola e Dostoievski.
Em 1920, vai estudar, em regime de internato, no Colégio Cruzeiro do Sul, de orientação protestante, localizado no bairro de Teresópolis, em Porto Alegre. Tem bom desempenho nas aulas de literatura, inglês, francês e no estudo da Bíblia.
Seus pais separam-se em dezembro de 1922. Vão — sua mãe, o irmão e a filha adotiva do casal, Maria, morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento doméstico, torna-se balconista no armazém do tio Americano Lopes. Os tempos difíceis não o separam dos livros: lê Euclides da Cunha, faz traduções de trechos de escritores ingleses e franceses e começa a escrever escondido, seus primeiros textos. Vai trabalhar no Banco Nacional do Comércio.
Continua devorando livros. Em 1923, lê Monteiro Lobato, Oswald e Mário de Andrade. Incentivado pelo tio materno João Raymundo, dedica-se à leitura das obras de Stuart Mill, Nietzsche, Omar Khayyam, Ibsen, Verhaeren e Rabindranath Tagore.
No ano seguinte, a família da mãe muda-se para Porto Alegre, a fim de que seu irmão, Ênio, faça o ginásio no Colégio Cruzeiro do Sul. Infelizmente a mudança não dá certo.

5

O autor, que havia conseguido um lugar na matriz do Banco do Comércio, tem problemas de saúde e perde o emprego. Após tratar-se, emprega-se numa seguradora, mas, por problemas de relacionamento com seus superiores passa por maus momentos. Morando num pequeno quarto de uma casa de cômodos e diante de tantos insucessos, a família resolve voltar a Cruz Alta. Erico volta a trabalhar no Banco do Comércio, como chefe da Carteira de Descontos, em 1925. Toma gosto pela música lírica, que passa a ouvir na casa de seus tios Catarino e Maria Augusta. Seus primos, Adriana e Rafael, filhos do casal, seriam os primeiros a ler seus escritos. Logo percebe que a vida de bancário não o satisfaz. Mesmo sem muita certeza de sucesso, aceita a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, de tornar-se sócio da Farmácia Central, naquela cidade, em 1926. Em 1927, além dos afazeres de dono de botica, dá aulas particulares de literatura e inglês. Lê Oscar Wilde e Bernard Shaw. Começa a sedimentar seus conhecimentos da literatura mundial lendo, também, Anatole France, Katherine Mansfield, Margareth Kennedy, Francis James, Norman Douglas e muitos outros mais. Começa a namorar sua vizinha, Mafalda Halfen Volpe, de 15 anos. O mensário “Cruz Alta em Revista” publica, em 1929, “Chico: um conto de Natal” que, por insistência do jornalista Prado Júnior, Erico havia consentido. O colega de boticário e escritor Manoelito de Ornellas envia ao editor da “Revista do Globo”, em Porto Alegre, os contos “Ladrão de gado” e “A tragédia dum homem gordo”, onde, aprovadas, foram publicadas. Erico remete a De Souza Júnior, diretor do suplemento literário “Correio do Povo”, o conto “A lâmpada mágica”. Esse, segundo testemunhas, o publica sem ler, o que dá ao autor notoriedade no meio literário local.
Com a falência da farmácia, em 1930, o autor muda-se para Porto Alegre disposto a viver de seus escritos. Passa a conviver com escritores já renomados, como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino César e outros. No final do ano é contratado para ocupar o cargo de secretário de redação da “Revista do Globo”, cargo que ocupa no início do ano seguinte. Em 1931 casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe. Lança sua primeira tradução, “O sineiro”, de Edgar Wallace, pela Seção Editora da Livraria do Globo. No mesmo ano traduz desse escritor “O círculo vermelho” e “A porta das sete chaves”. Colabora na página dominical dos jornais “Diário de Notícias” e “Correio do Povo”.

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Em 1932, é promovido a Diretor da “Revista do Globo”, ocasião em que é convidado por Henrique Bertaso, gerente do departamento editorial da “Livraria do Globo”, a atuar naquela seção, indicando livros para tradução e publicação. Sua obra de estréia, “Fantoches”, uma coletânea de histórias em sua maior parte na forma de peças de teatro. Foram vendidos 400 exemplares dos 1.500 publicados. A sobra, um incêndio queimou. Traduz, em 1933, “Contraponto”, de Aldous Huxley, que só seria editado em 1935. Seu primeiro romance, “Clarissa”, é lançado com tiragem de 7.000 exemplares.
Seu romance “Música ao longe” o faz ser agraciado com o Prêmio Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional, em 1934. No ano seguinte, nasce sua filha Clarissa. Outro romance, “Caminhos cruzados”, recebe o Prêmio Fundação Graça Aranha. O autor admite a associação desse romance a “Contraponto”, de Aldo Huxley, o que faz com que seja mal recebido pela direita e atice a curiosidade e a vigilância do Departamento de Ordem Política e Social do Rio Grande do Sul, que chegou a chamá-lo a depor, sob a acusação de comunismo. São publicados, ainda nesse ano, “Música ao longe” e “A vida de Joana d’Arc”. Realiza sua primeira viagem ao Rio de Janeiro (RJ), onde faz contato com Jorge Amado, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego e outros mais. Seu pai falece.
Em 1936, publica seu primeiro livro infantil, “As aventuras do avião vermelho”. Lança, também, “Um lugar ao sol”. Cria o programa de auditório para crianças, “Clube dos três porquinhos”, na Rádio Farroupilha, a pedido de Arnaldo Balvé. Dessa idéia surge a “Coleção Nanquinote”, com os livros “Os três porquinhos pobres”, “Rosa Maria no castelo encantado” e “Meu ABC”. Lança a revista “A novela”, que oferecia textos canônicos ao lado de outros, de puro entretenimento. Nasce seu filho Luis Fernando. É eleito presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa.
O DIP - Departamento de Imprensa e Propaganda do Estado Novo exige que o autor submeta previamente àquele órgão as histórias apresentadas no programa de rádio por ele criado, em 1937. Resistindo à censura prévia, encerra o programa. Outra reação ao nacionalismo ufanista da ditadura Vargas se faz sentir na versão para didática da história do Brasil em “As aventuras de Tibicuera”.
Um de seus maiores sucessos, “Olhai os lírios do campo”, é lançado em 1938. Em relação a esta obra Érico diz o seguinte:

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“Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso estiver nos deixando cegos, saibamos olhar os lírios do campo e os pássaros do céu” (VERÍSSIMO, 1938). Publica, nesse mesmo ano, “O urso com música na barriga”, da “Coleção Nanquinote”. Érico passa a dedicar a maior parte de seu tempo ao departamento editorial do Globo, em 1939. Em companhia de seus companheiros Henrique Bertaso e Maurício Rosenblatt, é responsável pelo sucesso estrondoso de coleções como a “Nobel” e da “Biblioteca dos Séculos”, nas quais eram encontrados traduções de textos de Virginia Wolf, Thomas Mann, Balzac e Proust. Mesmo assim, com todo esse trabalho, arranja tempo para lançar, ainda da série infantil, “A vida do elefante Basílio” e “Outra vez os três porquinhos”, e o livro de ficção científica “Viagem à aurora do mundo”. Em 1940, lança “Saga”. Pronuncia conferências em São Paulo (SP). Traduz “Ratos e homens”, de John Steinbeck; “Adeus Mr. Chips” e “Não estamos sós”, de James Hilton; “Felicidade” e “O meu primeiro baile”, de Katherine Mansfield. Faz sua primeira noite de autógrafos na Livraria Saraiva.
Passa três meses nos Estados Unidos, a convite do Departamento de Estado americano, em 1941, proferindo conferências. As impressões dessa temporada estão em seu livro “Gato preto em campo de neve”. Ele e seu irmão Enio são testemunhas de um suicídio: uma mulher se atira do alto de um edifício quando conversavam na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Esse acontecimento é aproveitado em seu livro “O resto é silêncio”.
A censura no estado novo continuava atenta. O Globo cria a Editora Meridiano, uma subsidiária secreta para lançar obras que pudessem desagradar ao governo. Essa editora publica “As mãos de meu filho”, reunião de contos e outros textos, em 1942.
No ano seguinte, publica “O resto é silêncio”, livro que merece críticas pesadas do clero local. Temendo que a ditadura Vargas viesse a causar-lhe danos e á sua família, aceita o convite para lecionar Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia feita pelo Departamento de Estado americano. Muda-se para Berkley com toda a família.
O Mills College, de Oakland, Califórnia, onde dava aulas de Literatura e História do Brasil, confere-lhe o título de doutor Honoris Causa, em 1944. É publicado o compêndio “Brazilian Literature: An Outline”, baseado em palestras e cursos ministrados durante sua estada na Califórnia. Esse livro foi publicado no Brasil, em 1955, com o título “Breve história da literatura brasileira”.

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Passa o ano de 1945 fazendo conferências em diversos estados americanos. Retorna ao Brasil. Em 1946, publica “A volta do gato preto”, sobre sua vida nos Estados Unidos.
Inicia, em 1947, a escrever “O tempo e o vento”. Previsto para ter um só volume, com aproximadamente 800 páginas, e ser escrito em três anos, acabou ultrapassando as 2.200 páginas, sob a forma de trilogia, consumindo quinze anos de trabalho. Traduz “Mas não se mata cavalo”, de Horace McCoy. Faz a primeira adaptação para o cinema de uma obra de sua autoria: “Mirad los lírios Del campo”, produção argentina dirigida por Ernesto Arancibia que tinha em seu elenco Mauricio Jouvet e Jose Olarra.
No ano seguinte, dedica-se a ordenar as anotações que vinha guardando há tempos e dar forma ao romance “O continente”. Traduz “Maquiavel e a dama”, de Somerset Maugham.
O continente”, primeiro volume de “O tempo e o vento”, é finalmente publicado, em 1949, recebendo muitos elogios da crítica. Recebe o escritor franco-argelino Albert Camus, autor de “A peste”, em sua passagem por Porto Alegre.
No ano de 1951, é lançado o segundo livro da trilogia “O tempo e o vento”: “O retrato”. O trabalho não tão bem recebido pela crítica como o primeiro livro.
Assume, em 1953, a convite do governo brasileiro, em Washington, EUA, a direção do Departamento de Assuntos Culturais da União Pan-Americana, na Secretaria da Organização dos Estados Americanos, substituindo a Alceu Amoroso Lima.
No ano seguinte, é agraciado com o prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra. Lança “Noite”, novela que é traduzida na Noruega, França, Estados Unidos e Inglaterra. Visita, face às funções assumidas junto à OEA, diversos países da América Latina, proferindo palestras e conferências.
De volta ao Brasil, em 1956, lança “Gente e bichos”, coleção de livros para crianças. Sua filha casa-se com David Jaffe e vai morar nos Estados Unidos. Dessa união nasceriam seus netos Michael, Paul e Eddie.
Em 1957, publica “México”, onde conta as impressões da viagem que fizera àquele país. O arquipélago”, terceiro livro da trilogia “O tempo e o vento”, começa a ser escrito em 1958. Tem um mal-estar ao discursar na abertura de um congresso em Porto Alegre. Consegue se refazer e disfarçar o ocorrido.
Acompanhado de sua mulher e do filho Luis Fernando, faz sua primeira viagem à Europa, em 1959. Expõe sua defesa à democracia em palestras proferidas em Portugal e entra em choque com a ditadura salazarista. Lança “O ataque”, que reunia três contos: “Sonata”,

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“Esquilos de outono” e “A ponte”, além de um capítulo inédito de “O arquipélago”. Passa uma temporada na casa de sua filha, em Washington.
Dedica-se
, em 1960, a escrever “O arquipélago”. Em 1961, sofre o primeiro infarto do miocárdio. Após dois meses de repouso absoluto, volta aos Estados Unidos com sua mulher. Saem os primeiros tomos de “O arquipélago”. O terceiro tomo de “O Arquipélago” é publicado em 1962, concluindo o projeto de “O tempo e o vento”. O volume é considerado uma obra-prima. Visita à França, Itália e a Grécia.
Num artigo publicado logo após a edição do último tomo de O Arquipélago, “há certa falta de ação, equilibrada ao seu excesso verbal”, segundo Wilson Martins. A mãe do biografado falece em 1963.
Em 1964, seu filho Luis Fernando casa-se com Lúcia Helena Massa, no Rio de Janeiro, cidade para a qual ele se mudara em 1962. Dessa união nasceriam Fernanda, Mariana e Pedro. Insurge-se contra o golpe militar e dirige manifestos a seus leitores em defesa das instituições democráticas. Recebe o título de “Cidadão de Porto Alegre”, conferido pela Câmara de Vereadores daquela cidade.
Ganha o Prêmio Jabuti – Categoria “Romance”, da Câmara Brasileira de Livros, em 1965, com o livro “O senhor embaixador”. Volta aos Estados Unidos.
A convite do governo de Israel, visita aquele país em 1966. Vai aos Estados Unidos, mais uma vez, visitar seus familiares. Escreve “O prisioneiro”, que seria lançado em 1967. A Editora José Aguilar, do Rio de Janeiro, publica, em cinco volumes, o conjunto de sua ficção completa. Desse conjunto faz parte uma pequena autobiografia do autor, sob o título “O escritor diante do espelho”.
O tempo e o vento”, sob a direção de Dionísio Azevedo, com adaptação de Teixeira Filho, estréia na TV Excelsior, em 1967. No elenco, Carlos Zara, Geórgia Gomide e Walter Avancini. Segundo Lucien Goldmann: “o romance é a história de uma investigação exilada, pesquisa de valores genuínos num mundo também exilado.” (GOLDMANN, Lucien. Sociologia do romance. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1967. p.6)
É agraciado com o prêmio “Intelectual do ano” (Troféu Juca Pato), em 1968, em concurso promovido pela “Folha de São Paulo” e pela “União Brasileira de Escritores”.
No ano seguinte, a casa onde Erico nascera, em Cruz Alta, é transformada em Museu Casa de Erico Veríssimo. Lança “Israel em abril”.

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Em 1971, é editado o livro “Incidente em Antares”.
Em 1972, comemorando os 40 anos de lançamento de seu primeiro livro, relança “Fantoches”, onde o autor acrescentou notas e desenhos de sua autoria. E neste mesmo ano ele fez o seguinte comentário sobre o conto A ponte: “Cruzarei a ponte.” “Podiam vir. Estava pronto. Nada, nada mais importava. Fosse como fosse ele voltaria. Para onde? Para onde? Para o quarto? Para casa?" (VERISSIMO: 1972).
Amplia sua autobiografia, publicada em 1966, fazendo surgir suas memórias — sob o título de “Solo de clarineta” — cujo primeiro volume é publicado em 1973.
O escritor falece subitamente no dia 28 de novembro de 1975, deixando inacabada a segunda parte do segundo volume de suas memórias, além de esboços de um romance que se chamaria “A hora do sétimo anjo”.
Postumamente, é lançado, em 1976, “Solo de clarineta – Memória 2”, organizado por Flávio Loureiro Chaves.
Olhai os lírios do campo”, com adaptação de Geraldo Vietri e Wilson Aguiar Filho, é a novela apresentada pela TV Globo, em 1980, sob a direção de Herval Rossano. No elenco, Cláudio Marzo e Nívea Maria.
A esposa do autor, Mafalda, e a professora Maria da Glória Bordini, da PUC-RS, iniciam a organização dos documentos por ele deixados, em 1982.
É instalado, no programa de Pós-Graduação em Letras da PUC-RS — como projeto de pesquisa do CNPq, o Acervo Literário de Erico Veríssimo, em 1984. A coordenação fica a cargo da professora Maria da Glória Bordini.
No ano seguinte, a Rede Globo leva ao ar a série “O tempo e o vento”, adaptação de Doc Comparato e Regina Braga, direção de Paulo José, com Glória Pires, Armando Bogus, Tarcísio Meira e Lima Duarte, entre outros.
Em 1986, o Museu de Cruz Alta torna-se Fundação Erico Veríssimo.
O índice de toda a obra de Erico é informatizado através do Projeto Integrado CNPq – Fontes da Literatura Brasileira, que o disponibiliza para consulta, em 1991. Em um dos seus livros Érico escreve a sobre o medo de morrer e diz o seguinte:

"Se tenho medo de morrer? Claro que não, menino. Primeiro não costumo pensar na morte, e quando penso é sem nenhum pavor. Morrer é uma coisa tão natural como nascer. Acontece que não estamos preparados para encarar a morte como devíamos. Não me lembro de quem foi que disse que o longo hábito de viver nos indispõe a morrer. Pode crer que o mais que sinto com relação à morte é uma pequena 'indisposição'.” (VERISSIMO 1972, p. 302) ·.

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Em 1994, seu filho Luis Fernando assume a presidência da Associação Cultural Acervo Literário de Erico Veríssimo, entidade encarregada de cuidar de toda a documentação literária do escritor. “Incidente em Antares”, adaptado por Charles Peixoto e Nelson Nadotti, com direção de Paulo José e constando de seu elenco Fernanda Montenegro, e Paulo Betti, é apresentada pela Rede Globo.
A UFRS homenageia o autor, pela passagem dos 90 anos de seu nascimento, com uma mostra documental no salão de sua Reitoria. A PUC-RS realiza seminário internacional, coordenado por seu Programa de Pós-Graduação em Letras, em 1995.
Organizada por Maria da Glória Bordini, publica-se, em 1997, “A liberdade de escrever”, coletânea de entrevistas do autor sobre política e literatura. Em 2002, a Globo inicia a edição definitiva da obra completa do autor. É inaugurado o Centro Cultural Erico Veríssimo, destinado à preservação do Acervo Literário e da memória literária do Rio Grande do Sul.
Morre Mafalda Veríssimo, viúva do escritor, em 2003.

Suas obras foram compiladas em três ocasiões:

  • Obras de Erico Veríssimo – 1956 (17 volumes)
  • Obras completas – 1961 (10 volumes)
  • Ficção completa – 1966 (5 volumes)

Os livros de Erico Veríssimo foram traduzidos para o alemão, espanhol, finlandês, francês, holandês, húngaro, indonésio, inglês, italiano, japonês, norueguês, polonês, romeno, russo, sueco e tcheco.

BIBLIOGRAFIA

Contos:

Fantoche -1932
As mãos de meu filho – 1942
O ataque – 1958
A ponte - 1972

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Romances:

Clarissa – 1933
Caminhos cruzados – 1935
Música ao longe – 1936
Um lugar ao sol – 1936
Olhai os lírios do campo – 1938 Saga – 1940
O resto é silêncio – 1943
O tempo e o vento (1ª parte) — O continente – 1949
O tempo e o vento (2ª parte) — O retrato – 1951 -
O tempo e o vento (3ª parte) — O arquipélago – 1961
O senhor embaixador – 1965 - O prisioneiro – 1967
Incidente em Antares – 1971 –

Novela:

Noite – 1954

Literatura Infanto-Juvenil:

A vida de Joana d’Arc – 1935
As aventuras do avião vermelho – 1936 – Os três porquinhos pobres – 1936
Rosa Maria no castelo encantado – 1936
Meu ABC – 1936
As aventuras de Tibicuera – 1937
O urso com música na barriga – 1938
A vida do elefante Basílio – 1939
Outra vez os três porquinhos – 1939
Viagem à aurora do mundo – 1939
Aventuras no mundo da higiene – 1939
Gente e bichos – 1956

Narrativas de viagens:

Gato preto em campo de neve – 1941
A volta do gato preto – 1946
México – 1957
Israel em abril – 1969

Autobiografias:


O escritor diante do espelho – 1966 (em “Ficção Completa”)
Solo de clarineta – Memórias (1º volume) – 1973 -
Solo de clarineta – Memórias 2 – 1976 (ed. póstuma, organizada por Flávio L. Chaves)
··.

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Ensaios:

Brazilian Literature – an Outline – 1945
Rio Grande do Sul – 1973
Breve história da literatura brasileira – 1995 (tradução de Maria da Glória Bordini)

Biografias:

Um certo Henrique Bertaso – 1972

Trabalhos como tradutor:

Romances:

O sineiro (The Ringer), de Edgar Wallace – 1931
O círculo vermelho (The Crimson Circle), de Edgar Wallace – 1931
A porta das sete chaves (The Door with Seven Locks), de Edgar Wallace – 1931
Classe 1902 (Jahrgang 1902), de Ernst Glaeser – 1933
Contraponto (Point Counter Point), de Aldous Huxley – 1934
E agora, seu moço? (Kleiner Mann, Was nun?), de Hans Fallada – 1937
Não estamos sós (We Are Not Alone), de James Hilton – 1940
Adeus Mr. Chips (Goodbye Mr. Chips), de James Hilton – 1940
Ratos e homens (Of Mice and Men), de John Steinbeck – 1940
O retrato de Jennie (Portrait of Jennie), de Robert Nathan – 1942
Mas não se mata cavalo? (They Shoot Horses, Don’t’ they?), de Horace McCoy – 1947
Maquiavel e a dama (Then and Now), de Somerset Maugham – 1948
A pista do alfinete novo (The Clue of the New Pin), de Edgar Wallace – 1956


Contos:

”Psicologia” (“Psychology”), de Katherine Mansfield – 1939 (Revista do Globo)
Felicidade (Bliss), de Katherine Mansfield – 1940
“O meu primeiro baile” (“Her First Ball”), de K. Mansfield – 1940 (Revista do Globo)

DOCUMENTÁRIO:

Um contador de histórias. Curta-metragem com direção de David Neves e Fernando Sabino. Narração: Hugo Carvana – 1974.


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ADAPTAÇÕES:

Para o cinema:

Mirad los Lírios Del Campo, Argentina – 1947
Baseado em Olhai os lírios do campo
Direção de Ernesto Arancibia
Roteiro: Túlio Demicheli.
Atores: Jose Olara e Mauricio Jouvert O sobrado, Brasil – 1956
Baseado em O tempo e o vento
Direção: Cassiano Gabus Mendes e Walter George Durst
Atores: Rosalina Granja Lima e Lima Duarte Um certo capitão Rodrigo, Brasil – 1970
Baseado em O tempo e o vento
Direção: Anselmo Duarte
Atores: Francisco di Franco e Newton Prado Ana Terra, Brasil – 1971
Baseado em O tempo e o vento
Direção: Durval Gomes Garcia
Atores: Rossana Ghessa e Geraldo Del Rey.
··. Noite, Brasil – 1985
Baseado em Noite
Direção
: Gilberto Loureiro
Atores: Marco Nanini, Cristina Ache e Eduardo Tornaghi.


Para a televisão: O tempo e o vento, Brasil – 1967
Baseada em O tempo e o vento
Novela de Teixeira Filho
Direção: Dionísio Azevedo
Atores: Carlos Zara, Geórgia Gomide e outros
TV Excelsior.
Olhai os lírios do campo, Brasil – 1980
Baseada em Olhai os lírios do campo
Novela de Geraldo Vietri e Wilson Aguiar Filho
Direção: Herval Rossano
Atores: Cláudio Marzo, Nívia Maria e outros
TV Globo. O resto é silêncio, Brasil – 1981
Baseado em O resto é silêncio
Telerromance de Mario Prata
Direção: Arlindo Pereira
Atores: Carmem Monegal, Fernando Peixoto e outros
TV Cultura.

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Música ao longe, Brasil – 1982
Baseado em Música ao longe
Telerromance de Mario Prata
Direção: Edson Braga
Atores: Djenane Machado, Fausto Rocha e outros
TV Cultura.
O tempo e o vento, Brasil – 1985
Baseada em O tempo e o vento
Minissérie de Doc Comparato
Direção: Paulo José
Atores: Tarcísio Meira, Glória Pires e outros
TV Globo.
Incidente em Antares, Brasil – 1994
Baseada em Incidente em Antares
Minissérie
de Charles Peixoto e Nelson Nadotti
Direção: Paulo José
Atores: Fernanda Montenegro, Paulo Betti e outros
TV Globo.

PRÊMIOS E TÍTULOS

  • Prêmio Machado de Assis, da Cia. Editora Nacional, em 1934, por Música ao longe;
  • Prêmio Fundação Graça Aranha por Caminhos cruzados;
  • Título Doutor Honoris Causa, em 1944, pelo Mills College, de Oakland, Califórnia, onde dava aulas de Literatura e História do Brasil;
  • Prêmio Machado de Assis, em 1954, concedido pela Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra;
  • Título de Cidadão de Porto Alegre, em 1964, conferido pela Câmara de Vereadores daquela cidade;
  • Prêmio Jabuti – Categoria Romance, da Câmara Brasileira de Livros, em 1965, pelo livro O senhor embaixador;
  • Prêmio Intelectual do Ano (Troféu Juca Pato), em 1968, concedido pela Folha de São Paulo e pela União Brasileira de Escritores;
  • Érico também ganhou alguns Prêmios Jabuti:
  • Em 1965 ganhou o Prêmio Jabuti Personalidade Literária do Ano que acabou sendo, por coincidência, o primeiro ganhador desse prêmio, e acabou sendo sucedido por Antônio Candido;
  • No ano de 1966 ganhou o Prêmio Jabuti Romance, Érico foi precedido por José Candido de Carvalho, e acabou sendo sucedido por José Mauro Vasconcelos;
  • E no ano de 1967 ganhou o Prêmio Jabuti Intelectual do Ano, precedido por Caio Prado Júnior e sucedido por Menotti Del Picchia.

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CYRO MARTINS

Cyro dos Santos Martins nasceu em 5 de agosto de 1908, em Quarai - RS, filho de Apolinário e Felícia dos Santos Martins. Em 1917 freqüenta o Colégio Municipal e recebe aulas do professor Caravaca, personagem em Rodeio e O professor. Em 1920 deixa a Campanha e vem para o internato do então Ginásio Anchieta, em Porto Alegre, vivência imortalizada em Um menino vai para o colégio.

Escreve seus primeiros artigos e contos aos 15 anos. Em 1928, com 19 anos, ingressa na Faculdade de Medicina de Porto Alegre. Retorna a Quarai, em 1934, já formado, para fazer a "prática da medicina", como dizia sobretudo nos bairros e vilas da cidade. Nesse mesmo ano estréia com Campo fora (contos), impregnado do imaginário da campanha e da fronteira. Morre seu pai, Bilo Martins.

Em 1935, casa com Suely de Souza e utiliza, em conferência, pela primeira vez, o termo gaúcho a pé, origem e leitmotiv de sua trilogia (Sem rumo, Porteira fechada, Estrada nova). Em 1937, vai estudar Neurologia no Rio de Janeiro, onde publica Sem rumo pela Ariel, primeiro romance da trilogia do gaúcho a pé. Em 1938, já em Porto Alegre, presta concurso para Psiquiatria do Hospital São Pedro e, no ano seguinte, participa da fundação da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal no Hospital São Pedro e vê publicado seu romance Enquanto as águas correm, pela Globo. Também abre seu primeiro consultório. Mensagem errante surge em 1942, em plena II Guerra Mundial e, em 1944, Porteira fechada, segundo romance da trilogia do gaúcho a pé. De 1958 a 1964 tem vários trabalhos científicos traduzidos para o espanhol e o alemão. Em 1990 realiza seu incomum livro de memórias, em parceria com Abrão Slavutzky, Para início de conversa. E, em 1991, seu último trabalho de ficção, a novela Um sorriso para o destino. Ainda publicaria uma série de ensaios psicanalíticos, em Caminhos. (1993) e, quando seria de esperar que falasse de si mesmo, surpreende discorrendo sobre seus amigos poetas, pintores e ficcionistas, em Páginas soltas (1994).

A vida deu-lhe cancha para reformular, com seu editor, toda a sua obra de ficção e ciência, antes de falecer em 15 de dezembro de 1995, em Porto Alegre.


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Zaira Meneghello, sua mulher, e os filhos Maria Helena, Cecília e Cláudio, acompanhados por amigos, médicos e escritores, instituíram em novembro de 1997, o Centro de Estudos de Literatura e Psicanálise Cyro Martins, que vai cuidar da vasta obra que Cyro Martins nos legou e promover estudos a partir dela. É como se estivéssemos cumprido à tarefa que ele, entre amável e irônico, costumava vaticinar para sua filha Maria Helena: "Não se preocupe: se ocupe” [1].

BIBLIOGRAFIA

Trilogia do gaúcho a pé

Na trilogia do gaúcho a pé, que é composta por três livros: Sem rumo, Porteira fechada e Estrada nova, Cyro Martins retrata a expulsão dos peões da estância e os graves problemas sócio-econômicos que afligiram a campanha a partir de 1910. “[...] nunca quis contribuir com a ampliação da mentira do monarca das cochilas. Nunca trarei o gaúcho como personagem em estilo ufanista. Pelo contrário, procurei ser realista, para poder ser útil de alguma forma.” (Cyro Martins).

Sem rumo (1937)

Em Sem rumo o autor opõe de modo muito simples a idéia de um campo agradável e protetor, ainda que pobre, e de uma cidade desumana.

Porteira fechada (1944)

Porteira fechada configura a tirania econômica da classe dominante sobre a massa de trabalhadores rurais. O problema básico é - e continua sendo - o da distribuição, o da exploração das massas. A tirania econômica impõe um assalto à pequena estância; ocasiona a crise, que se traduz no êxodo contínuo às cidades do interior e à capital. No mesmo prefácio desta obra, Décio Freitas situa Cyro Martins entre os maiores romancistas.

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Estrada Nova (1954)

É o romance em que Cyro Martins melhor descreve o processo sócio-econômico da modernização e as mudanças que ela causa na vida pastoril gaúcha.

Campo fora (1934)

Campo fora é o primeiro livro publicado por Cyro Martins, em 1934, composto por 14 contos. O escritor recupera, na linguagem e nos relatos, o viço da infância e juventude, a paisagem, as vivências da Campanha e prenuncia as agruras do gaúcho a pé, expressão que cunharia posteriormente, para designar o homem do campo que perdeu seu cavalo, a terra e se viu marginalizado na periferia da cidade.

Um menino vai para o colégio (1942)

Um menino vai para o colégio relata peripécias na vida de um guri (dos 11 aos 15 anos), nascido e criado na Campanha gaúcha. Das brincadeiras infantis e do convívio familiar passa à adolescência, enfrentando a realidade de um internato – o Colégio Anchieta, de Porto Alegre -, a separação da família, a descoberta de um mundo além dos limites domésticos. É um texto para leitor curioso, que vai testemunhar um modo de iniciação à vida adulta ao mesmo tempo em que se informa sobre o contexto sócio-histórico e cultural do Rio Grande do Sul, no início do séc. XX.

Sombras na correnteza (1979)

Romance contextualizado na Revolução de 1923, em que salienta a "tessitura literária", o "nexo criativo" entre figuras e situações reais e imaginárias.


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O príncipe da vila (1982)

Romance mordaz sobre a inércia e a loucura, "O Príncipe da Vila" se coloca entre as melhores criações literárias de Cyro Martins. Com o senso poético e o senso de humor imprescindível, ele escreveu um romance que nos dá o prazer e a inquietação de um "causo" bem contado.

Gaúchos no Obelisco (1984)

A revolução de 1930 é revisitada com um olhar irônico no romance Gaúchos no obelisco.

LYA LUFT

Uma escritora bastante idealizadora da condição feminina. Suas obras mostram o grande papel que a mulher exerce na sociedade. A presença de temas como a morte, a busca da beleza perfeita pelas mulheres da sociedade atual, problemas sofridos na infância são algumas características encontradas no texto da autora.

Lya Luft nasceu na cidade de Santa Cruz do Sul, no dia 15 de setembro de 1938. Por se tratar de uma cidade de colonização alemã, a autora sempre esteve exposta ao idioma e acabou se tornando uma leitora de obras germânicas de poetas famosos. Sua infância foi marcada pela presença dos familiares e em destaque a de seu pai, do qual a autora nutria uma forte ligação e com o qual aprendera a apreciar a leitura. Fora muito amada, mas ainda assim era inquieta, rebelde e curiosa.

O texto de Mendes revela esse período da vida da escritora, vejamos:

A menina apaixonada por livros encontrou na biblioteca do pai intelectual um imenso paraíso. Era ali que o pai lhe permitia vasculhar livros e mais livros. O pai, sempre presente e carinhoso. O pai amado e sempre lembrado. O pai, que era mais que pai. Era amigo, assim como os livros. Ele entendia que ela era mais que uma menina, ela era uma pessoa. Ele a ouvia porque a amava. Amava aquela alma rebelde. (2008,via internet)

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O início da vida adulta foi marcado por perdas como a morte do pai, a venda da casa onde vivera sua infância bem como um acidente quase fatal do qual ela passou a assumir sua posição diante da vida. Formou-se em Pedagogia e Letras. Iniciou sua carreira de tradutora e depois escritora. A imagem da escritora é totalmente o oposto da pessoa-mulher Lia.

De acordo com Alves, em uma entrevista a revista Isto é gente, a autora afirma que “Tudo o que fiz na minha vida foi com muito medo, com pânico. Sofrendo muito. Os leitores confundem um pouco a escritora com a mulher.” (2003 via internet)

BIBLIOGRAFIA

Canções de Limiar, 1964
Flauta Doce, 1972 Matéria do Cotidiano, 1978
As Parceiras, 1980
A Asa Esquerda do Anjo, 1981
Reunião de Família, 1982
O Quarto Fechado, 1984
Mulher no Palco, 1984
Exílio, 1987
O Lado Fatal, 1989
O Rio do Meio, 1996
Secreta Mirada, 1997
O Ponto Cego, 1999
Histórias do Tempo, 2000
Mar de dentro,
2000

COMENTÁRIO

A obra de Lya Luft contém um emaranhado de sentimentos que revelam partes da sua vida e suas experiências existenciais. Para sintetizar essa reflexão, de acordo com o jornal Gazeta Mercantil, “Lya focaliza o percurso existencial de personagens femininas tentando se autodefinir em meio a recordações às vezes amargas, temores incentiveis, perdas irreparáveis, fantasmas pairando sobre o convívio familiar." (2000 via internet)

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MÁRIO QUINTANA

Mário de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista. É considerado um dos maiores poetas brasileiros do século 20.
Mario de Miranda Quintana nasceu prematuramente na noite de 30 de julho de 1906, na cidade de Alegrete, situada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Seus pais, o farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e Virgínia de Miranda Quintana, ensinaram ao poeta aquilo que seria uma de suas maiores formas de expressão - a escrita. Coincidentemente, isso ocorreu pelas páginas do jornal Correio do Povo, onde, no futuro, trabalharia por muitos anos de sua vida. O poeta também inicia na infância o aprendizado da língua francesa, idioma muito usado em sua casa. Em 1915 ainda estuda em Alegrete e conclui o curso primário, na escola do português Antônio Cabral Beirão. Aos 13 anos, em 1919, vai estudar em regime de internato no Colégio Militar de Porto Alegre. É quando começa a traçar suas primeiras linhas e publica seus primeiros trabalhos na revista Hyloea, da Sociedade Cívica e Literária dos Alunos do Colégio Militar.
Cinco anos depois sai da escola e vai trabalhar como caixeiro (atendente) na Livraria do Globo, contrariando seu pai, que queria o filho doutor. Mas Mario permanece por lá nos três meses seguintes. Aos 17 anos publica um soneto em jornal de Alegrete, com o pseudônimo JB. O poema era tão bom que seu Celso queria contar que era pai do poeta. Mas quem era JB? Mario, então, não perde a chance de lembrar ao pai que ele não gostava de poesia e se diverte com isso.
Em 1925 retorna a Alegrete e passa a trabalhar na farmácia de propriedade de seu pai. Nos dois anos seguintes a tristeza marca a vida do jovem Mario: a perda dos pais. Primeiro sua mãe, em 1926, e no ano seguinte, seu pai. Mas a alegria também não estava ausente e se mostra na premiação do concurso de contos do jornal Diário de Notícias de Porto Alegre com A Sétima Passagem e na publicação de um de seus poemas na revista carioca Para Todos, de Álvaro Moreyra.
Corre o ano de 1929 e Mario já está com 23 anos quando vai para a redação do jornal O Estado do Rio Grande traduzir telegramas e redigir uma seção chamada O Jornal dos Jornais.

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O veículo era comandado por Raul Pilla, mais tarde considerado por Quintana como seu melhor patrão.
A Revista do Globo e o Correio do Povo publicam seus versos em 1930, ano em que eclode o movimento liderado por Getúlio Vargas e O Estado do Rio Grande é fechado. Quintana parte para o Rio de Janeiro e torna-se voluntário do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Seis meses depois retorna à capital gaúcha e reinicia seu trabalho na redação de O Estado do Rio Grande.
Em 1934 a Editora Globo lança a primeira tradução de Mario. Trata-se de uma obra de Giovanni Papini, intitulada Palavras e Sangue. A partir daí, segue-se uma série de obras francesas traduzidas para a Editora Globo. O poeta é responsável pelas primeiras traduções no Brasil de obras de autores do quilate de Voltaire, Virginia Woolf, Charles Morgan, Marcel Proust, entre outros.
Dois anos depois ele decide deixar a Editora Globo e transferir-se para a Livraria do Globo, onde vai trabalhar com Erico Veríssimo, que se lembra de Quintana justamente pela fluência na língua francesa. É por esta época que seus textos publicados na revista Ibirapuitã chegam ao conhecimento de Monteiro Lobato, que pede ao poeta gaúcho uma nova obra. Quintana escreve, então, Espelho Mágico, que só é publicado em 1951, com prefácio de Lobato.
Na década de 40, Quintana é alvo de elogios dos maiores intelectuais da época e recebe uma indicação para a Academia Brasileira de Letras, que nunca se concretizou. Sobre isso ele compõe com seu afamado bom humor, o conhecido Poeminha do Contra.
Como colaborador permanente do Correio do Povo, Mario Quintana publica semanalmente Do Caderno H, que, conforme ele mesmo se chamava assim, porque era feito na última hora, na hora “H”. A publicação dura, com breves interrupções, até 1984. É desta época também o lançamento de A Rua dos Cata ventos, que passa a ser utilizado como livro escolar.
Em agosto de 1966 o poeta é homenageado na Academia Brasileira de Letras pelos ilustres Manuel Bandeira e Augusto Meyer. Neste mesmo ano sua obra Antologia Poética recebe o Prêmio Fernando Chinaglia de melhor livro do ano. No ano seguinte, vem o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Esta homenagem, concedida em 1967, e uma placa de bronze eternizada na praça principal de sua terra natal, Alegrete, no ano seguinte, sempre eram citadas por Mario como motivo de orgulho.

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Nove anos depois, recebe a maior condecoração que o Governo do Rio Grande do Sul concede a pessoas que se destacam: a medalha Negrinho do Pastoreio.
A década de 80 traz diversas honrarias ao poeta. Primeiro veio o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Mais tarde, em 1981, a reverência veio pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços de Passo Fundo, durante a Jornada de Literatura Sul-rio-grandense, de Passo Fundo.
Em 1982, outra importante homenagem distingue o poeta. É o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Oito anos depois, outras duas universidades, a Unicamp, de Campinas (SP), e a Universidade Federal do Rio de Janeiro concedem o mesmo tipo de honraria a Mario Quintana. Mas talvez a mais importante tenha vindo em 1983, quando o Hotel Majestic, onde o poeta morou de 1968 a 1980, passa a chamar-se Casa de Cultura Mario Quintana. A proposta do então deputado Ruy Carlos Ostermann obteve a aprovação unânime da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Ao comemorar os 80 anos de Mario Quintana, em 1986, a Editora Globo lança a coletânea 80 Anos de Poesia. Três anos depois, ele é eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela Academia Nilopolitana de Letras, Centro de Memórias e Dados de Nilópolis e pelo jornal carioca A Voz. Em 1992, A Rua dos Cata ventos tem uma edição comemorativa aos 50 anos de sua primeira publicação, patrocinada pela UFRGS. E, mesmo com toda a proverbial timidez, as homenagens ao poeta não cessam até e depois de sua morte, aos 88 anos, em 5 de maio de 1994. Henri Bérgson faz um comentário sobre as obras de Quintana. “Ao fazer poesia como quem respira. Quintana não se situa como poeta, acima dos demais ou fora do mundo”. (1984, p16) Segundo o IEL, pagina 16, Quintana procura explorar a tragicidade do cotidiano e utilizar na sua poesia, procura aproximar-se a uma visão de mundo e não distanciar o que há em comum entre a poesia e o homem.


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BIBLIOGRAFIA

- A Rua dos Cata-ventos (1940);
- Canções (1946);
- Sapato Florido (1948);
- O Batalhão de Letras (1948);
- O Aprendiz de Feiticeiro (1950);
- Espelho Mágico (1951);
- Inéditos e Esparsos (1953);
- Poesias (1962);
- Antologia Poética (1966);
- Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil;
- Caderno H (1973);
- Apontamentos de História Sobrenatural (1976);
- Quintanares (1976) - edição especial para a MPM Propaganda;
- A Vaca e o Hipogrifo (1977);
- Prosa e Verso (1978);
- Na Volta da Esquina (1979);
- Esconderijos do Tempo (1980);
- Nova Antologia Poética (1981);
- Mario Quintana (1982);
- Lili Inventa o Mundo (1983);
- Os melhores poemas de Mario Quintana (1983);
- Nariz de Vidro (1984);
- O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil;
- Primavera cruza o rio (1985);
- Oitenta anos de poesia (1986);
- Baú de espantos ((1986);
- Da Preguiça como Método de Trabalho (1987);
- Preparativos de Viagem (1987);
- Porta Giratória (1988);

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- A Cor do Invisível (1989);
- Antologia poética de Mario Quintana (1989);
- Velório sem Defunto (1990);
- A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1ª publicação;
- Sapato Furado (1994);
- Mario Quintana - Poesia completa (2005);
- Quintana de bolso (2006)

JOSUÉ GUIMARÃES


Josué Guimarães tornou-se famoso nacionalmente pelos seus romances, mas iniciou sua vida como jornalista muito cedo. Já no jornal do colégio, escrevia cerca de seis artigos por edição e apresentava, nos finais de ano, peças teatrais de sua autoria. Antes de completar vinte anos de idade, mudou-se para São Paulo, à procura de um emprego. Começou como ilustrador e redator, simultaneamente. Uma vez quando foi perguntado sobre as influências nas suas obras ele disse o seguinte: “Não tive enfluências de autores gaúchos. Érico Veríssimo me influênciou pela maneira com que encarava o seu trabalho e pela retidão do seu caráter”(GUIMARÃES, Josué, 1988). Em 7 de janeiro de 1921, nasce em São Jerônimo, JOSUÉ Marques GUIMARÃES, o penúltimo de nove irmãos, filho de José Guimarães, telegrafista de profissão e pastor leigo da Igreja Episcopal Brasileira, e de Georgina Marques Guimarães. Em 1930 a sua família muda-se para Porto Alegre e Josué passa e estudar no Grupo Escolar Paula Soar. Em 1934 começa o curso secundário no Ginásio Cruzeiro do Sul, onde funda Grêmio Literário Humberto de Campos. Escreve de cinco a seis artigos por número no jornal do colégio e é o autor das peças teatrais encenadas a cada fim de ano. No ano de 1938, formado no Ginásio, faz o pré-médico, mas, após as primeiras aulas de anatomia, resolve abandonar o curso. Vai para o Rio de Janeiro e inicia sua carreira de jornalista na revista O Malho e Vida Ilustrada isto em 1939. É declarada a II Guerra Mundial e Josué retorna a Porto Alegre.

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Nesse mesmo ano inicia-se no rádio-teatro da Rádio Farroupilha, trabalhando com Estilista, Peri, Capitão Erasmo Nascentes e Walter Ferreira. No ano seguinte aos dezenove anos casa-se com Zilda Marques.
Desse casamento nascem quatro filhos: Marília, Elaine, Jaime e Sônia. Já no ano de 1942 Lança em Porto Alegre a revista de rádio Ondas Sonoras. Dois anos depois inicia suas atividades no Diário de Notícias.
Em sua carreira jornalística, exerce as funções de repórter e secretário de redação, diretor, colunista, comentarista, cronista, editoria lista, ilustrador, diagramador, analista político e correspondente internacional. É no Diário de Notícias que mantém a coluna "de alfinetadas políticas" assinada como "D. Xicote", onde ele mesmo faz as ilustrações, desenhos e caricaturas.
Alguns anos depois a coluna "D. Xicote" reaparece no jornal À Hora, de Porto Alegre, explorando modernos recursos gráficos e montagens fotográficas. Deixa o Diário de Notícias para tornar-se repórter exclusivo e correspondente da revista O Cruzeiro no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina, isto em 1948. Em 1949 colabora na Revista Quixote 4, fevereiro de 1949, com a crônica "Sangue e Pó de Arroz". Esta publicação de Porto Alegre divulgou por longo período, nomes da literatura rio-grandense.
Lança o jornal D. Xicote: "- Não é um jornal humorístico como poderá parecer à primeira vista, mas também não é um jornal sério.” (1949) Nos dois anos depois é eleito vereador em Porto Alegre, pelo PTB, ocupando, na oportunidade, a vice-presidência da câmara. Como vereador batiza o largo próximo à Praça da Alfândega de "Largo dos Medeiros", em homenagem aos irmãos proprietários do Café e Confeitaria Central. Alguns anos mais tarde, depois de ter saído do poder legislativo, em uma entrevista ele diz o seguinte: “Não nasci para a política, minha atividade político-partidária foi um incidente. Mas não tenho minhas convicções fixas, das quais ainda não abri mão. É possível que a minha vida política tenha deixado algo de útil no que eu escrevo.” (GUIMARÃES, Josué, 1968). Um ano depois de ser eleito vereador assina a coluna “Ronda dos Jornais no semanário carioca FLAN”.

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É o primeiro jornalista brasileiro a ingressar na China Continental e URSS como correspondente especial da Ultima Hora do Rio de Janeiro.
Escreve o livro de viagem As muralhas de Jericó que continua inédito. No ano seguinte assina a coluna "Um dia depois do outro" no Jornal Última Hora do Rio de Janeiro.
Lança coluna política no jornal Folha da Tarde, com pseudônimo de D. Camilo.
Passa a exercer as funções de subsecretário do Jornal A Hora, de Porto Alegre, onde deixa marcante passagem por ter revolucionado a imprensa gaúcha, ao lado do então diagramador Xico Stockinger. Já em 1956 trabalha como redator na MPM Propaganda.
Assume como diretor-secretário do semanário Clarim Sete Dias em Porto Alegre. Em 1957 é chamado por Assis Chateaubriand para reformular o vespertino carioca Diário da Noite, órgão dos Diários Associados. E neste ano ele responde a uma pergunta que queria saber o que ele pensava quando escrevia, Josué responde da seguinte forma: “Quando escrevo resolvo pensar somente nos meus leitores, deixando de lado a crítica, os demais escritores e os mestres de literatura. O importante é sermos sempre fiéis às nossas raízes e à nossa terra.” (GUIMARÃES, Josué, 1957). A sua própria agência de propaganda é fundada em 1960, é dissolvida um ano após a sua fundação para assumir a Direção da Agência Nacional sob o governo João Goulart. No ano de 1961 ocupa a direção geral da Agência Nacional, hoje Empresa Brasileira de Notícias, até 1964.
Durante o governo João Goulart integra a 1a Comitiva de Jornalistas Brasileiros em viagem à China e União Soviética. Em 1964 o presidente João Goulart vem a ser deposto, refugia-se em Santos, São Paulo, onde passa a viver na clandestinidade sob o nome de Samuel Ortiz.
Nesse período trabalha em dezesseis publicações diferentes e abre uma livraria. Após cinco anos acaba sendo descoberto, finalmente, pelos órgãos de segurança, responde a inquérito em liberdade e retorna a Porto Alegre.
É premiado no II Concurso de Contos do Estado do Paraná pelo conjunto de três contos - "João do Rosário", "Mãos sujas de terra" e "O principio e o fim" - que viriam a integrar, posteriormente, o livro Os ladrões.

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Publica Os ladrões, coletânea de contos, pela Fórum Editora do Rio de Janeiro um ano depois (1970). Com esta obra, Josué Guimarães inicia sua produção literária que irá se compor de 24 obras, entre romances, novelas, coletânea de artigos e de contos, literatura infantil, além da participação em várias antologias. Com o pseudônimo de Philleas Fog, em 1971, mantém a coluna "A Volta ao Mundo", no jornal Zero Hora, fazendo entrevistas imaginárias, de marcante conteúdo crítico, com personalidades internacionais.
Passa a colaborar no jornal Pato Macho de Porto Alegre, com artigos de crítica política.
Mantém a coluna "Seção de Livros" no jornal Zero Hora. Publica seu primeiro romance: A ferro e fogo - Tempo de Solidão em 1972, editado pela Sabiá (José Olympio) do Rio de Janeiro. A obra trata da colonização alemã no Rio Grande do Sul e é a primeira de uma trilogia. O segundo volume é lançado três anos depois, A ferro e fogo - Tempo de Guerra. Em 1974 é correspondente da Empresa Jornalística Caldas Júnior até 1976 na África e em Portugal, onde acompanha a Revolução dos cravos. Lança em Lisboa o Jornal CHAIMITE – isto em 1976 – “o único jornal que venceu antes de sair" (legenda da capa do número I - 26.2,76). Retorna ao Brasil e implanta no Rio Grande do Sul a sucursal da Folha de São Paulo, que dirigiu e onde atuou como comentar político do sul até seu falecimento. Em uma entrevista Josué Guimarães dá a seguinte resposta:

“Sinto inclinação para um determinado tipo de realismo mágico. Meus temas giram em torno do homem, seus conflitos, contradições; a paisagem quando existe, vale a pena dar acabamento à pintura. Minha linguagem não é gaúcha, esforço-me para que não seja, morei muitos anos fora daqui. Minha temática é sul-americana: o subdesenvolvimento, a miséria o caldeamento de raças, a insegurança política e social, o caudilhismo, a passividade diante do destino, a ignorância, a doença, a crença de que ninguém muda nada, ‘estava escrito. ’” (GUIMARÃES, Josué, 1977).

O romance Tambores silenciosos vem a ser publicado em 1977 e acaba sendo agraciado com o 1º Prêmio Érico Veríssimo da Editora Globo que, posteriormente, publica a obra. "Nunca digas que esqueceste um amor diga apenas que consegue falar nele sem chorar, pois o amor é... inesquecível” (Guimarães, Josué, 1977)

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Depois de obter o divórcio do primeiro matrimônio, casa-se com Nídia Moojen Machado em 1981 “Não considero o casamento uma instituição falida. Eu institucionalizei o meu após trinta anos de convivência." (Zero Hora, 28 de fevereiro de 1982). Dessa união nasceram Rodrigo e Adriana. 23 de março de 1986: Morre em Porto Alegre o escritor Josué Guimarães.
Publicação de "Amor de perdição" - L&PM Editores.
Sessão solene em sua homenagem prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre, por iniciativa do Vereador Isaac Ainhorn. Em maio de 1987 acontece lançamento de A última bruxa, último livro de Josué dedicado às crianças, L&PM.
A Biblioteca Pública Municipal, do centro Municipal de Cultura de Porto Alegre, passa a denominar-se Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães (julho).
Lançamento da 3º edição do livro de contos O cavalo cego, L&PM Editores (1ª edição, 1979).

Bibliografia de Josué Guimarães

· 1970 - Os ladrões (contos) - Rio de Janeiro, Fórum.

· 1972 - A ferro e fogo, I: tempo de solidão (romance) - Rio de Janeiro, Sabiá1973 - Depois do último trem (romance) - Rio de Janeiro, José Olympio.

· 1975 - A ferro e fogo, II: tempo de guerra (romance) - Rio de Janeiro, José Olympio.

· 1975 - Lisboa urgente (coletânea de artigos) - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, Coleção Documentos da História Contemporânea.

· 1977 - É tarde para saber (romance) - Porto Alegre, L&PM.

· 1977 - Os tambores silenciosos (romance) - Porto Alegre, Globo. - 1978 - Dona Anja (romance) - Porto Alegre, L&PM

· 1978 - Pega pra kapput! (novela, com Moacyr Scliar, Luís Fernando Veríssimo e Edgar Vasques) - Porto Alegre, L&PM -

· 1978 - Enquanto a noite não chega (novela) - Porto Alegre, L&PM.

· 1979 - O cavalo cego (contos) - Porto Alegre, Globo.

· 1979 - A casa das quatro luas (infantil) - Porto Alegre, L&PM

· 1980 - Camilo Mortágua (romance) - Porto Alegre, L&PM.

· 1980 - Era uma vez um reino encantado (infantil) - Porto Alegre, L&PM.

· 1981 - A onça que perdeu as pintas (infantil) - Rio de Janeiro, Salamandra.

· 1981 - Doña Angela (romance) - México, Edivision Compania Editorial S. A. (tradução Stela Mastrangelo).

· 1982 - Xerloque da Silva em "O rapto da Dorotéia" (infantil) - Porto Alegre, L&P.

· 1982 - O gato no escuro (contos) - Porto Alegre, L&PM.

· 1983 - Meu primeiro dragão (infantil) - Porto Alegre, L&PM.

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· 1983 - Xerloque da Silva em "Os ladrões da meia-noite" (infantil) - Porto Alegre, L&PM.

· 1983 - Um corpo estranho entre nós dois (teatro - peça em três atos) - Porto Alegre, L&PM.

· 1984 - História do agricultor que fazia milagres (infantil) São Paulo, Nacional.

· 1984 - O avião que não sabia voar (infantil) - São Paulo, Nacional.

· 1986 - Amor de perdição (novela) - Porto Alegre, L&PM.

· 1987 - A última bruxa (infantil) Porto Alegre, L&PM.

LUIZ FERNANDO VERÍSSIMO

Luis Fernando Veríssimo nasceu em 26 de setembro 1936, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Filho do grande escritor Érico Veríssimo, iniciou seus estudos no Instituto Porto Alegre, tendo passado por escolas nos Estados Unidos quando morou lá, em virtude de seu pai ter ido lecionar em uma universidade da Califórnia, por dois anos. Voltou a morar nos EUA quando tinha 16 anos, tendo cursado a Roosevelt High School de Washington, onde também estudou música, sendo até hoje inseparável de seu saxofone. É casado com Lúcia e tem três filhos. Jornalista iniciou sua carreira no jornal Zero Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966, onde começou como copydesk, mas trabalhou em diversas seções ("editor de frescuras", redator, editor nacional e internacional). Além disso, sobreviveu um tempo como tradutor, no Rio de Janeiro. A partir de 1969, passou a escrever matéria assinada, quando substituiu a coluna do Jockyman, na Zero Hora. Em 1970 mudou-se para o jornal Folha da Manhã, mas voltou ao antigo emprego em 1975, e passou a ser publicado no Rio de Janeiro também. O sucesso de sua coluna garantiu o lançamento, naquele ano, do livro "A Grande Mulher Nua", uma coletânea de seus textos. Participou também da televisão, criando quadros para o programa "Planeta dos Homens", na Rede Globo e, mais recentemente, fornecendo material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada em livro homônimo.


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Escritor prolífero são de sua autoria, dentre outros, O Popular, A Grande Mulher Nua, Amor Brasileiro, publicados pela José Olympio Editora; As Cobras e Outros Bichos, Pega pra Kapput!, Ed Mort em "Procurando o Silva", Ed Mort em "Disneyworld Blues", Ed Mort em "Com a Mão no Milhão", Ed Mort em "A Conexão Nazista", Ed Mort em "O Seqüestro do Zagueiro Central", Ed Mort e Outras Histórias, O Jardim do Diabo, Pai não Entende Nada, Peças Íntimas, O Santinho, Zoeira, Sexo na Cabeça, O Gigolô das Palavras, O Analista de Bagé, A Mão Do Freud, Orgias, As Aventuras da Família Brasil, O Analista de Bagé, O Analista de Bagé em Quadrinhos, Outras do Analista de Bagé, A Velhinha de Taubaté, A Mulher do Silva, O Marido do Doutor Pompeu, publicados pela L&PM Editores, e A Mesa Voadora, pela Editora Globo e Traçando Paris, pela Artes e Ofícios. Além disso, tem textos de ficção e crônicas publicadas nas revistas Playboy, Cláudia, Domingo (do Jornal do Brasil), Veja, e nos jornais Zero Hora, Folha de São Paulo, Jornal do Brasil e, a partir de junho de 2.000, no jornal O Globo.

Na opinião de Jaguar:

Veríssimo é uma fábrica de fazer humor. Muito e bom. Meu consolo — comparando meu artesanato de chistes e cartuns com sua fábrica — era que, enquanto eu rodo pelaí com minha grande capacidade ociosa pelos bares da vida, na busca insaciável do prazer (B.I.P.), o campeão do humor trabalha como um mouro (se é que os mouros trabalham). Pensava que, com aquela vasta produção, ele só podia levantar os olhos da máquina de escrever para pingar colírio, como dizia o Stanislaw Ponte Preta. Boemia, papos furados pela noite adentro, curtir restaurantes malocados, lazer em suma, nem pensar. De manhã à noite, sempre com a placa "Homens Trabalhando" pendurada no pescoço.

Extremamente tímido, foi homenageado por uma escola de samba de sua terra natal no carnaval de 2.000.


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BIBLIOGRAFIA

Luis Fernando Veríssimo começou a escrever profissionalmente com 30 anos de idade, quando foi trabalhar na imprensa após tentativas de outras coisas que não deram certo.

[...] Na época, não se precisava ter diploma para começar no jornalismo. Comecei como copidesque e, eventualmente, passei a ter um espaço assinado e me tornei cronista. Antes, além de umas traduções do inglês, nunca tinha escrito nada, e não tinha idéia de ser escritor. Se o fato de ter um pai escritor me inibiu? Conscientemente, não. Inconscientemente, talvez. Às vezes, fico tentado a inventar algum grande drama edipiano entre meu pai e eu para satisfazer a expectativa das pessoas, mas nunca houve isso. (entrevista a Luiz Costa Pereira Jr., colunista do site UOL, concedida em outubro de 2005.)

As Mentiras que os Homens Contam

São 40 histórias que tem como elo a mentira. O repertório é variado, em geral, boas crônicas.

Analista de Bagé

Onde anda o Analista de Bagé? Não sei. As notícias são desencontradas. Há quem diga que ele se aposentou, hoje vive nas suas terras perto de Bagé e se dedica a cuidar de bicho em vez de gente (...). Outros dizem que o Analista morreu, depois de tentar, inutilmente, convencer o marido de uma paciente que banhos regulares de jacuzzi a dois num motel faziam parte do tratamento. E há os que sustentam que o Analista continua clinicando, na Europa, onde a sua terapia do joelhaço, conhecida como 'Thérapie du genou aux boules, ou le methode gaúchô', tem grande aceitação. – Luis Fernando Veríssimo. Ele se diz ortodoxo, mas tem um jeito todo próprio de aplicar os fundamentos da psicanálise. Quando o cliente é homem, por exemplo, o Analista de Bagé o recebe logo com um "joelhaço", método que consiste em atingir em cheio os bloqueios do analisado. Dói, mas dá resultado, segundo dizem os que encontram ar para falar depois. Mas este cinqüentão sincero, charmoso e viril faz sucesso mesmo é com as mulheres. Afinal, ele sabe que um bom chamego, de preferência no pelego, pode curar qualquer tipo de neurose.

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Comédias da Vida Privada

Em Comédias da Vida Privada veremos concentrado um dos terrenos em que Luis Fernando Veríssimo se movimenta com mais destreza e maestria. O território imenso, opaco, denso e impreciso da classe média. Seus heróis anônimos, os grandes e os pequenos gestos, a complicada engenharia familiar, as fidelidades, as infidelidades, as mesas de bar, as angústias, o trágico e o cômico combinados na estranha sinfonia do cotidiano, casais, salas de jantar onde são decididos destinos com a televisão ligada, vizinhos barulhentos, Copacabana, enfim, ambientes onde transitam a esmagadora maioria dos habitantes do país, Um universo ao mesmo tempo rico e banal onde Luis Fernando Veríssimo inspirou-se para produzir algumas obras-primas.

O nariz

Luís Fernando Veríssimo flagra cenas cotidianas e as retrata com humor e descontração. Uma mulher, de repente, começa a recitar trechos de propagandas de produtos no meio da sala. Um pai briga com a professora do filho por causa de uma palavra. Passeando por lugares-comuns, como a escola, o ônibus e mesmo a casa de uma família, o autor revela que é possível viver com bom humor, mesmo quando as situações são as mais estranhas e adversas possíveis.

Ed.Mort

Ao ler este livro de contos e crônicas o leitor terá uma visão ampla e significativa do escritor Luís Fernando Veríssimo. Do precioso conjunto de aventuras do caricato detetive particular Ed Mort às histórias montadas no cotidiano das grandes cidades tem o estilo inconfundível, onde a generosidade do cronista, aliada a sua poderosa capacidade de observação e crítica, nos levam a momentos de riso, perplexidade e emoção.


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CHARLES KIEFER

Em sua obra, o autor retrata a realidade em que o gaúcho que mora no interior tem enfrentado nos últimos anos com a chegada da tecnologia ao campo. Os problemas causados pela substituição da mão-de-obra pelo uso da tecnologia no meio rural. Trata também dos problemas da modernidade na sociedade atual. Nasceu na cidade de Três de Maio, em 1958. Filho de agricultores viveu uma infância humilde. Era um menino bastante observador quando começou a estudar, lia muitos livros e tornara-se crítico. Conforme cita a obra do IEL (1990, p.11) Charles era um menino revoltado e agressivo, ele parecia estar em conflito com o mundo real ao compará-lo ao mundo que ele via nos livros. Ainda bastante novo, passou a escrever poesias. Mais tarde, ingressou na Universidade da PUC onde cursou Letras e durante este tempo, publicou diversas obras. Atualmente é coordenador do Livro e da Literatura, na Secretaria Municipal de cultura de Porto Alegre.

BIBLIOGRAFIA

Caminhando na chuva (1982) Aventura no Rio Escuro (1983)

O pêndulo do relógio (1984) A dentadura postiça (1984)

Você viu meu pai por aí (1986) Valsa para Bruno Stein (1986)

A face do abismo (1988) Dedos de pianista (1989)

Comentário

Sua obra faz transparecer os problemas vividos em sua vida pessoal desde a infância. Essa característica é confirmada na obra do IEL,

[...] desencadeiam a ação, com episódios interessantes, atraentes por seu conteúdo e muito próximos da realidade conhecida, vivenciada pelo leitor [...] essa preferência temática constitui uma das grandes virtudes da literatura: a verossimilhança. O artista recria o real sem, no entanto, perder a sua essência; consegue transformar a sua obra numa historiografia inconsciente [...]. (1990, p.15).

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LUÍZ ANTÔNIO DE ASSIS BRASIL

Luiz Antonio de Assis Brasil (Porto Alegre, 1945) é um escritor brasileiro. Autor de romances cujo cenário é, em parte, o Rio Grande do Sul, Assis Brasil divide seu tempo entre a escrita e as docências no programa e mestrado e doutorado em Letras da PUC-RS e na Oficina de Criação Literária da mesma universidade, a mais premiada oficina literária do Brasil, criada em 1985, e que já revelou nomes como Amílcar Bettega (Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira), Letícia Wierzchowski (A casa das sete mulheres), Cíntia Moscovich, Daniel Pellizzari, Michel Laub, Monique Revillion e Daniel Galera. Tem doutorado e pós-doutorado em Letras. Já foi violoncelista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA). Têm livros publicados em Portugal (O pintor de retratos e A margem imóvel do rio), Espanha (Concierto campestre) e França (L´homme amoureux e Bréviaire des terres du Brésil), afora antologias no Canadá, Estados Unidos da América e Alemanha. Participou do programa Distinguished Brazilian Writer in Residence, da Berkeley University. Foi conferencista na Brown University, na Universidade dos Açores e nas universidades de Tübingen e Leipzig. Masina Lea fez um comentário sobre a obra literária de Assis Brasil

“Em toda a sua obra, acentua a relatividade do tempo e do espaço, mergulha no imaginário sul-rio-grandense e o transforma em metáfora do universo” (1988, p15) De acordo com o IEL, na pagina 16, a obra de Assis Brasil e marcada pela verdade, o autor preocupa-se em salientar que seres conflitados fracassam e que o povo não possuía uma opinião própria na época do autoritarismo.

BIBLIOGRAFIA

1976 - Um quarto de légua em quadro 1978 - A prole do corvo

1981 - Bacia das almas 1982 - Manhã transfigurada

1985 - As virtudes da casa 1986 - O homem amoroso

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1987 - Cães da província 1990 - Videiras de cristal

1992 - Perversas famílias 1993 - Pedras da memória

1994 - Os senhores do século 1997 - Concerto campestre

1997 - Anais da Província-Boi 1997 - Breviário das terras do Brasil

2001 - O pintor de retratos 2003 - A margem imóvel do rio

2006 - Música perdida

PREMIAÇÕES MAIS RELEVANTES

Entre outros, recebeu os seguintes prêmios:

Prêmio Literário Nacional, do Instituto Nacional do Livro (1987), por Cães da Província;

Prêmio Erico Veríssimo (1987) pelo conjunto de sua obra;

Prêmio Literário Machado de Assis, da Biblioteca Nacional (2001), por O pintor de retratos;

Prêmio Jabuti (2003), por A margem imóvel do rio. Menção;

Prêmio Portugal Telecom de Literatura Brasileira (2004), por A margem imóvel do rio. O único romance entre os três vencedores.

Adaptações para o cinema

Vários de seus livros foram levados ao cinema:

Concerto campestre, com o mesmo título;

Videiras de cristal, com o título de A paixão de Jacobina

Um quarto de légua em quadro, com o título de Diário de um novo mundo.

Manhã Transfigurada, com o mesmo titulo.


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CONCLUSÃO

O trabalho realizado mostra a literatura gaúcha como uma forma de expressão de nossa cultura e dá a ela, a devida importância como elemento histórico-cultural de um povo. Também serve como ponto inicial para aqueles interessados em fazer um estudo mais amplo sobre a literatura sulina, tendo por base prévia este trabalho. Como acadêmicos de Letras, notamos que este trabalho pôde nos familiarizar com alguns brilhantes autores, conhecendo suas características intelectos-pessoais ao criar suas obras e seus objetivos que, com certeza, ajudam na construção da sociedade leitora de hoje.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.terra.com.br/istoegente/218/entrevista/index.htm Acesso em: 10 jun.2009

CESAR, Guilhermino. 1908 – História da Literatura do Rio Grande do Sul (1737-1902) 2. ed. Porto.

Charles Kiefer, Porto Alegre, IEL, 1988.

IEL (Instituto Estadual do Livro). Charles Kiefer. Porto Alegre: IEL, 1990. (Autores Gaúchos, 29)

Luis, Veríssimo, Biografia, http://www.releituras.com/lfverissimo_bio.asp.

Luiz Antonio de Assis Brasil, Porto Alegre, IEL, 1988.

Lya Luft, Porto Alegre, IEL, 1988.

JORNAL GAZETA MERCANTIL. A brandura germânica de Lya Luft. Disponível em:

http://www.klickescritores.com.br/pag_materias/entrevista03.htm Acesso em: 18 jun. 2009.

Josué Guimarães, Porto Alegre, IEL, 1988.

http://www.paginadogaucho.com.br/escr/jg.htm

Mario Quintana, Porto Alegre, IEL, 1984.

Martins, Cyro dos Santos, Biografia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Cyro_Martins.

MENDES, Letícia. No tempo em que a infância cheirava a lareira. Disponível em:

http://hipermidia.unisc.br/unicom/. php?Option=com_content&task=view&id=39&Itemid=1

Veríssimo, Érico: Realismo & Sociedade, Chaves, Flávio Loureiro, 1981··.

http://www.releituras.com/eaverissimo_bio.asp

http://www.webartigos.com/articles/12653/1/a-medicina-como-instrumento-de-

humanidade-nas-obras-de-erico-verissimo/pagina1.html

ZILBERMAN, Regina. A literatura no Rio Grande do Sul. 2. ed. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1982.



[1] Síntese bibliográfica de Cyro Martins escrita por Carlos Jorge Appel, que se encontra na íntegra no site do Celp Cyro.